Cocktail Party
Não tenho vergonha de dizer que estou triste
Não tenho vergonha de dizer que estou triste
Não dessa tristesa ignominiosa dos que, em vez
de se matarem, fazem poemas:
Estou triste porque vocês são burros e feios
E não morrem nunca...
Minha alma assenta-se no cordão da calçada
E chora,
Olhando as poças barrentas que a chuva deixou.
Eu sigo adiante. Misturo-me a vocês. Acho vocês uns amores.
Na minha cara há um vasto sorriso pintado a vermelhão.
E trocamos brindes,
Acreditamos em tudo o que vem nos jornais.
Somos democratas e escravocratas.
Nossas almas? Sei lá!
Mas como são belos os filmes coloridos!
(ainda mais os de assuntos bíblicos...)
desde o crepúsculo
E, quando a primeira estrelinha ia refletir-se
em todas as poças dágua,
Acenderam-se de súbito os postes de iluminação!
(Mário Quintana)