sábado, 17 de julho de 2010

Para sempre meu Caio F.


Não fazia a menor idéia do que postar nesse blog, que já anda meio vazio faz muito tempo. Mas num lapso de memória (confesso que oportunamente ajudado pela voz da Ângela Rorô, que começou a cantar “Amor, meu grande amor” no meu rádio.), pensei em Caio.

Não. Essa idéia não foi tão espontânea assim, acabo de me lembrar o que se passou. A música citada faz parte de um dos meus contos preferidos do escritor gaúcho. Na verdade é o meu conto preferido, e eis o maior problema de uma grande admiração: a gente não consegue escolher únicas coisas, é sempre “uma das” dentre todas as que eu mais gosto... Pronto! Tomei coragem e elegi “os sobreviventes”, do livro “Morangos mofados” como o meu conto preferido. Mas que ironia! Eu resolvi falar de coragem justamente enquanto eu falava de um homem que esfregava toneladas de coragem em nossas caras. Caio era livre e talentoso ao ponto de nos prender em seus emaranhados de papel, seu modo de escrever assemelhava-se a um suspiro: leve, tranqüilo e vitalmente espontâneo.

Ainda hoje, quando tenho alguma atitude movida por impulso, penso em Caio. Não! Penso no Caio do conto “E o destino desfolhou”, que sem pestanejar lança duras palavras à Beatriz: - Tu sabias que tu vais morrer? Contudo, continuo lançando duras palavras ao vento, e os contos mofados são minha espécie de passeio pelo meio do caminho dessa estrada dantesca.

Espero, em páginas, o dia em que Urano entrará em Saturno, o dia em que eu poderei chamar inteligência de epifania e, principalmente, o dia em que os meus morangos verdes envelheçam e morram. Mas amanhã eu posso detestar esses contos. Amanhã eu acordarei e também não haverá o Caio.