sábado, 30 de outubro de 2010

Carta ao pai, aos filhos...

E ainda queres anunciar a boa nova?

Queres realmente trazer luz ao que já se consumiu em trevas?

Posto que a minha – tão celebrada virgindade

converteu-se em amargura

E a minha inaptidão camuflada em santidade

tornou-se risível

Fizeste-me cheia de desgraças.


Oh, Pai. Nunca me abandonaste

Porque nunca me acolheste


Em meu últero puído

cerrou-se um feto estático

No meu ventre

o fruto podre não vingou

e morreu pregado em minhas entranhas

E assim ficará para todo o sempre


Sem glória

Sem perdão

Sem paz


Por vós só rogarei pragas.

3 comentários:

Érica dos Anjos disse...

Rááá!
Flagrei sua poesia
pairando na madrugada.

:)

Ellen Joyce disse...

Úteros e pais e fetos sempre me agradarão

Poetinha Feia disse...

Que delícia devorar os seus versos assim de manhã cedinho... Como quem está prestes a devorar o dia que acaba de nascer!

Seus versos refletem sua beleza e sua suavidade

Muito bom passar por aqui... Bjo!